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A UTILIZAÇÃO DOS FILHOS COMO MOEDA DE TROCA NA SEPARAÇÃO CONJUGAL: IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E PSICOLÓGICO

A UTILIZAÇÃO DOS FILHOS COMO MOEDA DE TROCA NA SEPARAÇÃO CONJUGAL: IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E PSICOLÓGICO

Aline Alves de Matos

RESUMO

A separação conjugal é uma realidade cada vez mais comum, porém frequentemente acompanhada de conflitos que impactam profundamente os filhos envolvidos. Este artigo explora como a prática de usar os filhos como instrumento de poder entre os pais afeta negativamente o desenvolvimento emocional e psicológico das crianças e adolescentes. Discutem-se as consequências de pais que priorizam suas disputas pessoais em detrimento das necessidades e estabilidade emocional dos filhos, destacando também casos em que a cooperação entre os pais após a separação pode mitigar esses efeitos negativos.

 

INTRODUÇÃO

A separação de casais é uma realidade comum na sociedade contemporânea, e muitas vezes os filhos acabam sendo utilizados como peões em jogos de poder entre os pais.

É preocupante ver como muitos pais, em meio à separação, acabam priorizando suas próprias disputas e desejos em detrimento das necessidades e bem-estar dos filhos. Uma abordagem de como essa dinâmica pode levar os pais a manipularem emocionalmente os filhos, permitindo situações que não condizem com suas convicções anteriores apenas para ganhar vantagem emocional ou psicológica perante os filhos.

Explorar como essa prática prejudica o desenvolvimento emocional e psicológico das crianças e adolescentes envolvidos é de extrema importância.

 

IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO

Cada genitor usa de suas forças para mostrar quem pode mais, quem consegue ter mais autoridade, usam de seus egos inflados para fazer valer seus próprios desejos e esquecem-se do bem mais precioso: o filho que fica entre os dois, crianças indefesas e adolescentes em fase de transformação que crescem totalmente sem estrutura emocional.

Os pais no intuito de tentar prejudicar o ex cônjuge, usam de todas as artimanhas para terem o filho por perto, submetem à todas as vontades do filho adolescente para ser o pai/mãe que cede a tudo, que concorda com tudo, esquecendo-se de avaliar a real necessidade da criança/adolescente.

O que acontece com frequência são pais que autorizam situações não condizentes com a convicção de criação dos filhos quando estavam juntos, simplesmente para terem vantagem e preferência emocional frente ao filho.

Infelizmente, quando se tocam que realmente importa é uma criação saudável dos filhos, estes se tornaram crianças/adolescentes revoltados, abalados emocionalmente, não sabem lidar com os nãos e frustrações da vida, se tornando adultos intransigentes.

Estudos apontam que o casal fica se atacando, desqualificando um ao outro perante os filhos ou dificultando a convivência destes com um dos genitores. É comum, em casos de divórcio, os filhos sentirem ter que tomar partido entre um dos pais.

O inverso acontece quando os pais mesmo separados entendem que o é o bem estar dos filhos, e usam do diálogo constante mesmo diante das diferenças conjugais, os próprios filhos entendem que os pais já não se sentem bem juntos e que cada m viver sua vida é melhor, e que nem por isso o filho deixará de conviver com ambos.

 EXPLORAÇÃO DE CASOS PRÁTICOS

Para ilustrar os pontos discutidos, serão explorados estudos de caso reais que exemplificam situações onde os filhos foram utilizados como moeda de troca durante processos de separação. Esses casos ajudarão a contextualizar os desafios enfrentados pelas famílias e os impactos específicos nos filhos envolvidos.

Comumente, é a partir do momento em que ocorre a dissolução da sociedade conjugal que práticas alienadoras passam a fazer parte do cotidiano de crianças e da família que se dissolve (DIAS, 2015). Movidos, muitas vezes, pela emoção e pelas dores provenientes do conflito conjugal, pais, mães e familiares utilizam as crianças como instrumentos de vingança e de controle entre eles.

A ruptura da vida conjugal desencadeia dificuldades para um dos cônjuges elaborar adequadamente o luto da separação. Sentimento de rejeição e traição podem alimentar um desejo de vingança, resultando em um processo de destruição e desmoralização do ex-parceiro.

Nesse contexto, o filho se torna alvo da agressividade, sendo induzido a sentir ódio pelo outro genitor. Esta dinâmica é descrita como uma campanha de desmoralização, na qual a criança é manipulada a se afastar de quem ama e quem também a ama, criando uma contradição de sentimentos e minando os vínculos familiares.

DISCUSSÃO SOBRE INTERVENÇÕES E SOLUÇÕES

Além de identificar os problemas, é crucial discutir estratégias eficazes para mitigar os efeitos negativos da separação nos filhos. Intervenções como mediação familiar, terapia para pais e crianças, e programas educativos sobre parentalidade pós-divórcio serão explorados como maneiras de promover uma transição mais saudável e estável para as crianças.

Como advogada especializada em Direito de Família, será abordada a importância de aspectos legais como a guarda compartilhada, os direitos e responsabilidades parentais, e o papel do sistema judicial na proteção dos interesses dos filhos durante disputas entre os pais.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em meio às complexidades e desafios da separação conjugal, o uso dos filhos como peões em jogos de poder entre os pais é um comportamento danoso e profundamente impactante para o desenvolvimento emocional e psicológico das crianças e adolescentes envolvidos. Ao priorizar disputas pessoais em detrimento das necessidades dos filhos, os pais correm o risco de criar um ambiente de instabilidade emocional e incerteza para seus filhos, afetando negativamente sua capacidade de lidar com conflitos e frustrações no futuro.

É fundamental que os pais reconheçam a importância de uma criação saudável e estável para seus filhos, mesmo após a separação. Isso requer um esforço consciente para colocar de lado diferenças pessoais e investir em uma comunicação eficaz e respeitosa. Quando os pais conseguem cooperar e manter um ambiente de apoio emocional para seus filhos, ajudam a mitigar os efeitos negativos do divórcio e promovem um desenvolvimento mais saudável e equilibrado.

Portanto, é imperativo que todos os envolvidos, incluindo familiares, profissionais e a sociedade em geral, reconheçam a responsabilidade coletiva de proteger o bem-estar das crianças e adolescentes durante períodos de separação familiar. Somente através do compromisso com o interesse superior das crianças podemos garantir que elas cresçam com uma base emocional sólida, capaz de enfrentar os desafios que a vida apresenta de maneira resiliente e positiva.