A GOVERNANÇA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS EMPRESAS
José Colhado
A IA revoluciona negócios ao otimizar processos e decisões, mas enfrenta desafios éticos e legais. Governança consciente e boas práticas são essenciais para garantir uso responsável e seguro.
Com o avanço tecnológico, a IA – Inteligência Artificial tornou-se uma ferramenta essencial para empresas que buscam competitividade e inovação. A IA tem o potencial de acelerar negócios, otimizar processos, aprimorar a tomada de decisões e abrir novas oportunidades de mercado. Ferramentas de IA generativa, como ChatGPT, GitHub Copilot, Claude e Gemini, estão revolucionando a interação com a tecnologia e impulsionando a produtividade.
No entanto, o uso da IA também apresenta desafios éticos e legais. É crucial evitar consequências adversas, como violações de privacidade, falta de transparência em processos decisórios automatizados e resultados imprecisos ou “alucinações” em IA generativa.
Portanto, o uso da IA precisa ser conduzido de forma consciente e criteriosa. A implementação de uma governança de IA nas organizações é não apenas recomendada, mas essencial para garantir que a tecnologia seja utilizada de maneira responsável e alinhada aos valores corporativos e às regulamentações vigentes.
Para mitigar os riscos associados ao uso da IA e promover sua aplicação responsável, as empresas devem adotar um conjunto de boas práticas e diretrizes estratégicas.
Estabelecimento de diretrizes éticas para IA
As organizações precisam desenvolver diretrizes éticas específicas para o uso de IA. Esses princípios devem orientar a implementação de soluções e prevenir o surgimento de discriminação e vieses nos algoritmos. As diretrizes devem incluir padrões de equidade, responsabilidade e confiabilidade, alinhados aos valores corporativos, à legislação e às melhores práticas internacionais.
Transparência nos processos de IA
A transparência é fundamental para construir confiança com clientes e partes interessadas. As empresas devem divulgar políticas claras sobre o uso da IA publicando informações relevantes em seus canais digitais e garantindo que as decisões automatizadas sejam compreensíveis e auditáveis. Isso envolve a explicação dos processos que utilizam IA incluindo a lógica por trás das decisões e os dados utilizados, em conformidade com o princípio de explicabilidade.
Segurança e privacidade
A proteção de dados é um pilar essencial na governança de IA. As organizações precisam garantir que os dados utilizados pelos sistemas de IA sejam tratados de forma segura e privada. Técnicas como anonimização e criptografia são cruciais para evitar a exposição indevida de informações críticas. Além disso, o cumprimento de legislações como a LGPD e o GDPR deve ser rigoroso.
Considerando o PL 2338/23 no Brasil e o EU AI Act, algumas recomendações adicionais incluem:
Implementação de sistemas de auditoria e rastreabilidade para sistemas de IA de alto risco;
Estabelecimento de processos para avaliação contínua de risco e impacto dos sistemas de IA;
Garantia de supervisão humana adequada em sistemas de IA de alto risco;
Fornecimento de informações claras aos usuários sobre as capacidades e limitações dos sistemas de IA.
Avaliação de fornecedores e monitoramento contínuo
As empresas devem realizar uma criteriosa avaliação de fornecedores de serviços e tecnologias de IA, assegurando que os parceiros cumpram os mesmos padrões éticos e legais. A auditoria e o monitoramento contínuo dos sistemas são práticas fundamentais para garantir que os algoritmos estejam funcionando conforme previsto e para detectar comportamentos anômalos ou riscos de segurança.
Capacitação e conscientização
Investir na capacitação da equipe sobre os princípios éticos da IA é crucial. Os colaboradores devem entender como trabalhar com IA de forma ética e responsável. Além disso, é importante envolver todos os stakeholders – desde empregados até clientes e o público em geral – nas decisões sobre o uso da IA promovendo uma governança colaborativa e transparente.
Desenvolvimento de modelos de IA generativa e preditiva personalizados
As organizações estão adotando diferentes abordagens para personalizar e desenvolver modelos de IA que atendam às suas necessidades específicas. Algumas preferem utilizar APIs avançadas com acesso a modelos pré-treinados, permitindo personalização por meio de prompts e ajuste fino (fine-tuning), enquanto outras optam por frameworks de código aberto, como Hugging Face Transformers e TennnsorFlow, que oferecem maior flexibilidade e controle sobre o desenvolvimento.
A escolha entre essas abordagens depende dos objetivos, recursos e requisitos específicos de cada projeto ou organização.
A IA oferece às empresas um poder de transformação sem precedentes, mas seu uso deve ser regulado por princípios de ética, segurança e privacidade. Ao implementar controles robustos de segurança da informação e proteção de dados pessoais, e ao seguir boas práticas de mercado e regulamentações emergentes, as organizações podem fortalecer a governança de IA garantindo que os sistemas sejam seguros, confiáveis e estejam em conformidade com as regulamentações aplicáveis.
Como líderes empresariais, temos a responsabilidade de garantir que a IA seja utilizada de forma a beneficiar a todos, promovendo inovação responsável e sustentável. Este é o momento de criar um ambiente de IA transparente, justo e orientado para o bem comum, antecipando-se às demandas regulatórias e às expectativas da sociedade.
FONTE: https://www.migalhas.com.br/depeso/415412/a-governanca-da-inteligencia-artificial-nas-empresas,k217